... A pedra que empurro murro a murro
morro acima, e que volta sobre mim,
são lembranças revoltadas, sem fim,
de criança mal amada, de um casmurro.
Da distância em que me vejo e empurro
esta desgraçada pedra de rim,
de mitologia grega, de arlequim,
não ouço - da razão - o maldito sussurro
que parece prometer o paraíso.
Por isso perco a pose e tropeço
de novo, cada vez mais indeciso.
Porque ouço pensamentos pelo avesso
e minha língua amarrada e de improviso
se explode, gritando sem endereço
(Ricardo Leandro)