"Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato...Ou toca, ou não toca." - Clarice Lispector

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sábado, 24 de julho de 2010

“Sem começo, sem meio, sem fim”. (caí o Soldado)


Em meio a toda aquela poeira
Em meio a toda aquela tristeza
Caí uma lágrima
Lágrimas de dor
Lágrimas de alivio
Lágrimas de despedida

Olhando em sua volta
Só via dor
Só existia sangue
O cenário daquele dia
Teve come cena principal
A atuação da Morte
Morte de alguns planos
Morte de alguns sonhos
Morte de algumas almas

No chão havia
Poeira, lágrimas, sangue e um soldado.
O soldado estava sentando
De cabeça baixa
As duas mãos cobrindo o rosto
Ele chorava
Ele sofria

O fim havia chegado
Estava ali
Sua arma ao seu lado
Sua farda estava manchada com “aquele sangue”
Só naquele momento
Conseguia enxergar o que aconteceu
Só naquele momento
Conseguia enxergar que sua medalha não era de ouro
E que o brilho daquele troféu
Era causado pelas lágrimas que rolaram por todo aquele tempo

Pobre soldado!
Agora tinha consciência do que causara a um coração
Pobre soldado!
Agora tinha consciência do que causara ao seu destino
Pobre soldado!
Ali sentado vencido sentia o outro gosto da “Dama Da Vaidade”
Pobre soldado!
Ali sentado via sua dama abandonando-o
E como viveria sem ela?
Como seria sua vida agora?
A vaidade abandonara
E sua companheira agora era a culpa

Culpa que o atormentava a cada milésimo sem dar uma trégua
Eis que o soldadinho se levantara
E seguia em frente de cabeça baixa
Sem destino

Começou a vagar como se fosse uma “Alma penada”
Perdera a cor
Perdera o brilho
Perdera o amor
O verdadeiro amor

Não soube cuidar do que realmente foi real e fiel para com ele
E quando percebeu já era tarde
Pois o tempo
O tempo e cruel
Não dá chances
E não seria deferente com o próprio soldado
Que agora olhava para o nada
Tentando buscar em suas memórias
Os momentos mágicos que realmente viveu
Agora...

Não é NINGUEM

Passa desapercebido pela multidão
Suas escolhas fizeram com que todos se afastassem deixando-o completamente sozinho

Pobre soldado!
E como se nunca tivesse existido
A cada dia a sua imagem vai ficando mais apagada
Como se fosse uma fotografia antiga e mofada
E o menino que morreu há anos atrás
Ninguém mais comentou

Pobre soldado!
Tenta manter-se vivo, buscando sempre o brilho do olhar do garoto querido, sonhador e amoroso.
A culpa por tanto delitos esta matando o soldadinho
Toda vez que suas atitudes voltam
Como filmes o deixa sem cor
E assim foi caído no seu próprio esquecimento

Hoje já não lembra de quem foi
E nem do que se tornou
Esteve somente esperando sua “Morte” de fato

Ou talvez esteja à espera de um resgate
Mas essa é uma possibilidade bem remota
Infelizmente “ELE” Causou tudo isso
Esta colhendo os frutos de suas escolhas
E já não adianta se lamentar

Só há uma saída
Mas será que ainda há um pouco de dignidade do “garoto” que foi um dia
Para começar a ter boas atitudes?

Essa é uma pergunta que eu nunca poderei responder
Pois hoje sua imagem se apagou definitivamente das minhas memórias, das minhas fotografias, e principalmente do meu coração.

(FIM)

2 comentários:

  1. Iara, adorei as palavras, somente vivendo essa cruel realidade de uma guerra para entender o quão pesadas e verdadeiros são esses versos...

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  2. Que historia triste, cheguei as lágrimas de fato.
    Mas sera mesmo que esse é o fim que você realmente deseja ao seu Soldadinho?
    Eu tenho ceeteza que não.

    Bjs
    Malu

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